sábado, 24 de julho de 2010

Não recomendo.

...Uma folha de caderno perdida na gaveta, de abril de 2010.
E então eu aceitei, porque quando você tem o mesmo problema, mesmo que não entenda, mesmo que a situação não seja a mesma, você precisa aceitar. Sem perguntas, sem possíveis respostas, porque aceitar é sempre mais cômodo. Eu, particularmente prefiro aceitar, alguns chamam de covardia, outros de medo, sorte, tédio...mas aceitar é melhor.
Enquanto eu aceito as coisas, com a desculpa de que são por que são e não existe explicação, eu passo os dias, tranquila. Estou cansada de querer aventuras falsas. Isso me dá tempo pra pensar e escrever que aceitando você arruma tempo pra tudo, o que é indiscutivelmente uma enganação fajuta, e assim como eu, outros seres monótonos errôneamente aceitam que aceitar é melhor.
Não me recordo em que ponto da vida mal vivida comecei a aceitar, apenas comecei. Não sei em que parte me perdi, ou talvez, me encontrei, e continuo aceitando. Um hábito, uma obrigação, um estilo de vida. Aceitar me ajuda a aceitar, e é errado afirmar que vivo, sei que apenas existo, existo porque aprendi a aceitar. Não sei viver de outra maneira, e nem quero. E também não obrigo ninguém a me aceitar, não recomendo, aliás.
Porque não me importa se você não aceitar, eu aceito.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Receio.

Não iluda minha alma
Como as dores das águas passadas
Se pudesse ser verdade
A fantasia de que tu me falasse
O quão importante sou pra ti
E livre de qualquer receio
Te atingisse o peito bem no meio
Com a sinceridade das palavras que te digo
Não queria ter te conhecido
Ora, não te sintas ofendido
A explicação é não ver-te como amigo.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Recordação

A cabeça é decorada por um coroa de orquídeas mas ninguém vê. Eu sei das feridas abertas em meus pés, eu tentei contar mas me perdi na lista, os cálculos intermináveis não são o que eu preciso. É um poço crescente de estrelas perdidas, enquanto eu olhava os ladrilhos coloridos do banheiro frio encostada na parede, suas mãos tocavam o chão e seus dedos pareciam dobrar. Eram ossos e células e sentimentos flutuando e estourando no ar como bolhas de sabão. Eu só queria ser o que você queria ter, e a sua barba cheia de espuma me lançou uma vontade de rir quando quando você me sorriu timidamente, mas você nunca nem por brincadeira imaginou que me fazia sentir o coração na garganta, na mais doce das minhas recordações. Enquanto as feridas em meus pés caminham lentamente dentro de mim e se alojam em meu peito, impossibilitando-me de ver seu rosto coberto por espumas outra vez.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Calado.

O propósito é somente ardor, sem aquecer a máquina de batimentos cardíacos, mas que mesmo escondido entre as palavras, mesmo que as palavras pareçam implorar, o amor aparece, E o sentido do sentimento, ainda ele existe.
Totalmente oculto, aquele que sente incondicionalmente, desprovido da noção de coragem. Discretamente mostrando-se, sem que o resto perceba-o, unicamente fechado e consciente de ser calado. Dono de um caráter não muito invejado não sabe o que é ousar e, não deixa transparecer que o peito foi rasgado. Ninguém desconfia que foi, nenhuma ferida fica exposta e gosta da culpa da fúria, é coberto por uma casca odorífera, sombreada, machucada.
Ouve uma voz, a voz que sabe que ama, um amor cru.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Ferrugem

Espécie de raiva, raiva perversa de recompensa, roubando a vitalidade de um brilho inexistente tentando gentilmente deixar um aviso de '' sem vagas '' quando o peito é rasgado, e se torna natural de tão normal e enfurecida.
Tornando-se parte sem importância nadando na banheira transbordando de angústia, angústia profunda, cheia de ferrugem infiltrando em meus poros rasgados, remendados. Mas é uma luta que cansa, que maltrata, e não existe vencedor, porque é o drama tomando o lugar da esperança. Mas pra quê, travar uma luta quando a batalha consegue uma vítima e quando você deseja se livrar da culpa que foi moderadamente posta em seu ombro?

segunda-feira, 19 de julho de 2010

(In)certeza

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E foi assim, simplesmente assim, olhando diretamente em seus olhos que eu aprendi o que era o amor. Bem, na verdade não foi ' amor a primeira vista ' mas naquela noite voltando para casa sozinha e pensando se aquilo poderia ser real me senti totalmente diferente, era uma certeza em minha cabeça e em meu coração. Hoje é apenas uma lembrança de algo que foi verdadeiro apenas pra mim.
E eu tentei, desde o primeiro instante de certeza aceitar que a dor no meu coração poderia de repente despertar, eu não aceitei, e foi o que aconteceu. Por algum motivo absurdo me senti terrivelmente fraca, não acreditei que isso poderia fazer com que eu involuntariamente me sentisse deprimida, e desde então pensei em falar, mas eu sempre soube que as possibilidades de você entender seriam mínimas, então me calei.
Se é amor, espero que passe de uma vez, e espero também nunca mais sentir isso novamente, não é um sentimento bonito, não pra mim. É um sentimento destruidor, mas eu tenho uma certeza que o tempo não pode transformar em incerteza, dói muito menos ser fria, implícita, mesmo sendo completamente sincera, foi assim que aprendi a ser.
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''Como são admiráveis, as pessoas que não conhecemos muito bem."
- Millôr Fernandes.