sábado, 17 de julho de 2010

O mínimo de você.

Talvez eu ainda sinta amor e provavelmente sinto, me acostumei com a ideia de que basta amá-lo, saber que você está no mundo, e talvez que também ame, mesmo que não seja eu, basta saber que sente uma coisa tão bonita e tão grande, como é o meu amor por ti. Muitas vezes isso é completamente aterrorizante, mas são momentos meus, tão pessoais como meu eu lírico, e mesmo que um pouco dolorosos, são extremamente reais e bonitos. É um sentimento corajoso, de profundo valor e mesmo assim tem uma parte de frustração. É difícil escrever sobre um sentimento de incomparável perfeição, é difícil confessar que o sentimento responsável pela sobrevivência dos seres humanos, mesmo que resida dentro de mim, me falta. Mas em determinado ponto se torna uma falta que preenche, sustenta. Me torna uma carcaça sentimental ambulante implícita, mas não existe na humanidade explicação e forma de escrever, mostrar e sentir, o que está dentro deste ser, e me foi transmitido por você. E então vergonhosamente eu preciso criar alguma coisa, qualquer coisa, que represente para mim o mínimo de você, e foi assim que aprendi a viver.
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- O texto, devido ao pedido de um querido amigo para que eu escrevesse sobre amor, que é justamente uma tentativa, pois, acho que não sou tão boa como era, para escrever coisas bonitas, ou no mínimo românticas. E também é uma dedicatória a você, Dean.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Personagem principal.

E passa, passa como o olhar que não está mais presente, como o cheiro que saiu da roupa, ou simplesmente como cada estação do ano, e é estranho. Estranhamente estranho como o inverno não passa dentro de mim, meu coração mais parece um planeta distante e coberto de gelo, sem vida, sem calor, cada minuto que passa é uma veia do meu corpo que petrifica, seca.
O sangue congela, se tenta esquentar o choque térmico faz com que as veias se rompam, sendo lançadas ao chão como pequenos gravetos cristalizados. Sem pecado, entupida até a raiz de arrependimento, encenando numa peça teatral, como personagem principal de um romance que termina em tragédia sentimental.
- Não há nada a ser dito, nada a ser feito.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Incompreensível.

Um pensamento, um arrepio.
Dentro e fora, em cada célula, em cada gota de sangue, em cada extremidade. Produz um som silencioso, o eco passa das paredes de pedra.
Sente-se o mal-estar, e no momento seguinte está bem, aumenta visivelmente o tom do silêncio e olha pra mecha de luz que vai embora.
É um desejo de não entender o que por sua própria natureza é fácil, é um medo de descobrir, um medo consciente, um medo sem medo.
O suficiente pra não querer sentir, o sentimento de abstinência, o sentimento que não se sente. Sem dom artístico, assume o papel da loucura. Loucura que não é loucura, enxerga na alma um alfinete atravessado, bem no peito.
O abismo profundo brinca na roda gigante da razão, sem treva. A obsessão é um sinal da própria falta, falta que sobra, falta que está presente, falta que aumenta, como tua voz e teu canto.
O entusiasmo desajustado do mistério que alimenta o pouco de vida vivido, mal vivido. Humor rabugento, sem saber o que é, sem combinar rabugice, apenas é.