quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Um sinal.

Sou fragmentos, estilhaços de espelho quebrado cravados no teu peito. Lembrança da guerra, do sangue, da miséria no registro da tua vida, o aço, o ferro, a lâmina e a navalha cortando as direções como o vulto que tu enxerga em delírio no meio no quarto, bem no meio, na carne, na alma. O coração que esguicha sangue, que molha o véu, a nostalgia da infância massacrante, revoltante. A vontade de vomitar, o enjoo, a repulsa, eu sou a ferida no osso, o miolo da flor despedaçada, o voo desastrado, o buraco na nuvem e o cinza do céu, o vento que bate no teu rosto, a comida que você rejeita, o compromisso que você não lembra, o coração que você ignora.
Enquanto eu tento me aproximar só um pouco pra sentir a tua pele ou ver o teu rosto, você é a mão que me empurra, a onda que me afoga, o concreto que me esmaga, a falta que me sobra, a situação que me desgasta, a lixa áspera no meu corpo, a corda na minha garganta, a lama que me suja, o chicote que me corta, a causa que me arde, a fome na minha boca, o ronco no meu estômago, a porta que bate na minha cara, a soda que pinga na minha pele.
Um sinal, por favor dá um sinal, só um sinal por menor que seja, pra eu acreditar que não devo desistir e persistir em ti, em nós.